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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Zona de Poesia Árida na Matilha Cultural

Submitted by on 12/10/2011 – 19:52Nenhum Comentário

Esta acontecendo na Matilha Cultural, até o dia 22 de outubro, a Mostra Zona de Poesia Árida, com diversos programas audiovisuais de curta-metragens, documentários, vídeo arte, instalações, fotos e lambes que mostram um trabalho resultado de 10 anos de atuação de diversos coletivos de artistas.

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(Imagem: Divulgação)

A programação escolhida faz parte do festival VIVAMÉRICA, organizado pela Casa América, que é uma iniciativa cultural que tem sede em Madri, Espanha. Artistas dos coletivos ARNSTV, Bijari, Catadores de História, Cia Cachorra, C.O.B.A.I.A, Contra Filé, Espaço Coringa, EIA, Elefante, Empreza, EPA! (Curitiba), Esqueleto Coletivo, Esquizotrans, Frente 3 de Fevereiro, Menossões, Nova Pasta, Ocupeacidade, Rádio Xiado e ZoomB apresentam um conjunto de obras que retratam a vida dos moradores de rua e o processo de desapropriação e despejo que aconteceu no edifício Prestes Maia, no centro de São Paulo.

Esse fato, que foi noticiado em diversos jornais e revistas do Brasil, no ano de 2003, passou por muitas etapas, desde diálogos com a prefeitura até confrontos com a polícia. Participando ativamente ao lado das 468 famílias moradoras do prédio, estavam 15 coletivos de arte que vivenciaram todos esses acontecimentos e lutaram para tentar barrar o processo de desapropriação e despejo, além de apontarem para a sociedade a falta de respeito com os seres humanos de baixa renda diante da especulação imobiliária. “Imagina um festival de dois anos, com objetivos políticos e de transformação social que você não tem mais nada o que fazer do que a urgência de transformar a sociedade e levar dignidade para pessoas pobres” declarou Demétrio Portugal, diretor de programação da Matilha Cultural.

Demétrio também conta que o projeto reúne 12 horas de filmes, e que não tem como sair do lugar sem pensar em fazer algo pela sociedade. Os 19 coletivos contam com cerca de três a dez integrantes e, somados, com mais 1.500 pessoas no caso da intervenção do edifício da Prestes Maia – conseguimos ter uma idéia da quantidade de envolvidos nessa Mostra, que ocupa os três andares da sede da Matilha.

“Os filmes que serão expostos terão a participação dos coletivos para uma conversa com o público onde dá pra você entender o que um artista com dez anos de experiência em intervenção na rua, com esse tipo de densidade política e social, que já cansou disso tudo e continuam perseguindo na mensagem que tem pra passar” explica Demétrio, enquanto ele mesmo entrevistava algumas pessoas que passavam pelo segundo andar do prédio onde acontecia a gravação de um programa da rádio livre, no meio de uma sala cheia de intervenções artísticas.

Estão presentes obras para todos os gostos. Além dos filmes e vídeos, existem trabalhos de fotos e desenhos de diversos artistas, como Paulo Zeminian, que apresenta alguns “lambe lambe”, que fazem parte do seu trabalho, com mensagens pra reflexão de conceitos da sociedade e uma ótima série de fotos onde o artista aparece vestido de Mickey Mouse em cenas inusitadas como a Santa Ceia ou no meio de um confronto contra a Policia Militar em um dos processos de despejo do antigo prédio do centro de São Paulo.

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A Santa Ceia (Imagem: Divulgação)

A visita até a sede da Matilha Cultural é indispensável para aqueles que procuram uma arte muito maior do que apenas contemplação ou imagens bonitas, para aqueles que gostam de refletir e enxergar arte em movimentos de pessoas reunidas com a finalidade de ajudar o próximo.

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